domingo, 21 de fevereiro de 2010

CORAÇÃO ALADO


Meu coração alado já não voa,
Impossibilitado e mui premente,
Como água da chuva, forte escoa,
Desaguando no rio sua torrente.

Não anima os moinhos, evidente,
Nem carrega um barqueiro em sua proa.
Inútil o som que bate e ainda ecoa,
Em um corpo febril que jaz dormente.

Quem roubou sua paz, a fantasia
De trabalhar, viver com alegria?
Os meus órgãos vitais estão em brasas!

Devolvam já meu leme e a quimera,
Pra que eu possa voar na primavera.
Meu coração alado quer suas asas!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O PENSAMENTO


Pertence o pensamento cotidiano,
- Esfera imaginária, empobrecida-,
À inútil paisagem envelhecida,
De sonho vil ou de cruel engano.

E nesse labirinto, o ser humano
Vagueia nos extremos desta vida.
Na indecisão, a mente reduzida
À escuridão do triste desengano.

Pensar e repensar; a claridade
Independe do horror da atividade
Que o pensamento leva à discussão.

Apenas observa sem preceito;
Sereno, escuta, sem nenhum conceito,
E brilhará a luz na escuridão.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SONETO HERÓICO


Ó heróico soneto, eu te bendigo,
Em tua forma métrica, alumbrada,
No engenho de ouro e luz, cristalizada,
Servindo-te meu estro como abrigo!

Tu foste de Camões o grande amigo,
A cantar grande glórias da jornada.
De Bandeira e Vinícius, tão amada
Forma de versejar. És novo e antigo.

Do que falam meus versos: - sentimentos
Sobre a vida e o sofrer ou pensamentos
Que produzam no “eu” total reforma.

Sobretudo do mar e suas procelas,
De alegrias e flores e de estrelas,
Ó meu soneto heróico em tua forma!