sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A CURA DO MEDO


O medo se agiganta e te entorpece,
Qual poderoso monstro a atormenta;,
Andas de lado a lado a caminhar,
Olhar nos céus e mãos postas em prece.

Pois nesta febre nada te arrefece,
Apenas dor e dor a torturar;
Chega um momento, o medo a transbordar
Cega e domina e nada te espairece.

Considera os verdores das ramadas:
Ao abrigar os seres do calor,
Inda oferece flores nas latadas.

Independe a coragem de segredo;
Oportuniza a paz ao teu redor.
Curar o medo é estar defronte ao medo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ABSTRAÇÃO


Pois vivo e esqueço o célere vivido,
Observando a nova nuvem rápida.
Nada peço. Nada há que ser pedido
À paisagem fugaz, beleza cálida.

Pois nada existe para ser temido,
Tornar a nuvem bela menos válida?
Há que deixar no tempo este perdido
Momento. Virá outra nuvem pálida.

Enquanto passa o tempo, eu também passo,
Sem o inútil sofrer ou a alegria.
Sereno vivo a vida em seu compasso.

Agora, todo o céu está nublado;
Formaram-se no céu, em romaria,
As nuvens, sem história ou passado.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

HOUVE UM TEMPO


Houve um tempo de flores nas janelas,
Beijos de mães e noites enluaradas,
De cítricos aromas nas donzelas,
Brincadeiras de anéis pelas calçadas.

Houve um tempo de cravos nas lapelas,
Histórias de fantasmas, patuscadas,
De namoros nas altas madrugadas
Com promessas de amor, contando estrelas.

Se agora trago as minhas mãos vazias,
Se não existem mais as fantasias,
Se aprendo a conhecer o pensamento,

Que fique, então, meu verso como lastro,
Se não ficou de mim o próprio rastro,
Se tudo foi varrido pelo tempo.