quinta-feira, 29 de julho de 2010

A FUNÇÃO DO POETA


Sou poeta do sol, da seca, vento
Debruçado nas palhas do coqueiro,
Do burrego na estrada mui sedento,
Da lua cheia sem qualquer roteiro.

Da porrada e da fome sou herdeiro,
Cavando o barro para o meu sustento.
Do mangue, da caatinga, do cruento
Calor que se derrama no telheiro.

Sou poeta das bocas esfaimadas,
Dos olhos tristes, caras espantadas,
E do homem ordinário e vida inglória.

Terras desbaratadas e esquecidas,
Sou poeta da angústia e subvidas,
Dos que morrem buscando nova história.

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