domingo, 21 de novembro de 2010

DISTOPIA


Este lajedo imenso, cinza escuro,
De areia e de tijolos encimado,
Construímos quadrado por quadrado
Para que fosse grande o teu futuro.

O preconceito, juro que esconjuro;
Então, de sol e sal vivo adornado,
As mãos calosas, corpo macerado,
Faca afiada e sentimento puro.

Grande é o país e belo. Em seu destino,
Não comporta no corpo a distopia.
A tua terra é minha e a minha é tua.

Sou da terra dourada, nordestino;
Vamos brindar a paz em harmonia,
Nosso progresso, sob a luz da lua.

domingo, 14 de novembro de 2010

RELICÁRIO


Que fazes da memória do passado?
Guardas em relicário noite e dia,
Qual esplêndida joia? Tal mania
Só torna o coração mui magoado.

O destino cruel por ti traçado,
Amar e desamar não tem valia;
Não se repete o amor, não se copia
O belo verso que já foi versado.

Não creias em alguém que odeia e ama
E vive a saltitar nos sentimentos,
Vivendo dos opostos esta chama.

Lança longe o passado e tua memória,
Nada vale guardar velhos momentos,
Do teu presente, faz uma outra história.

domingo, 7 de novembro de 2010

ALMA SERTANEJA


Horas quentes e calmas sem alento,
Nem um sopro de brisa acaricia
A terra. Sequiosa e tão vazia,
Embota o corpo e mesmo o pensamento.

Descolorado solo, mui sedento,
contorcendo-se os galhos numa orgia,
Rogam nuvens no céu em romaria
para um tanto de chuva ao seu sustento.

Minha alma, como a terra sertaneja,
Arde a sofrer, assim, nesta peleja,
À espera da resposta: uma guarida.

E vê passar as horas no brasido,
Em uma busca eterna, no sentido
Do significado sobre a vida.